COMPLEXO DAIA
Primeiro distrito agroindustrial no coração do Brasil
Para bater de frente com outros mercados consumidores e atrair indústrias, o governo de Goiás foi agressivo e, com o apoio da União, inaugurou o seu primeiro parque industrial planejado em Anápolis, em 9 de novembro de 1976. O evento contou com a presença do presidente da República à época, o general Ernesto Geisel, além de empresários e lideranças políticas.
Foram quase três anos de planejamento e obras para implantação do polo industrial, que nasceu com infraestrutura grandiosa, de primeiro mundo, e com capacidade para abrigar empresas de todos os portes.
O Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) foi inaugurado com 80 mil metros quadrados de vias asfaltadas e 11 quilômetros de rede para drenagem de águas pluviais. Também foram construídas estações robustas de captação, tratamento e reservatórios de água, estações de coleta e tratamento de resíduos industriais, além de uma linha própria de alta tensão para abastecer as indústrias com energia elétrica e iluminação em todas as vias do Daia.
Aliado ao grande esforço de disponibilizar uma estrutura moderna, o governo de Goiás ofereceu isenções de impostos, benefícios fiscais às indústrias e um Fundo de Expansão da Indústria e Comércio, como consta na Lei 7.700/73, para tornar o estado ainda mais competitivo na atração de empresas com o objetivo de acelerar seu programa de industrialização.
O governo federal, que executava o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), também contribuiu, além de recursos para a construção do Daia, com linhas de crédito especiais para os interessados em investir no novo parque industrial.
A escolha
Selecionar o município que abrigaria o primeiro distrito agroindustrial do estado não foi tarefa fácil. A escolha mais óbvia para o momento seria a capital Goiânia, mas uma intensa disputa política e empresarial, que contou com uma campanha da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), se formou para a escolha. Afinal, o distrito representaria um marco para Goiás.
O veredito, contudo, foi dado por uma comissão federal que veio a Anápolis e aprovou a área indicada na região sul da cidade para a construção do Daia. Pesaram na decisão diversos fatores, como o terreno fértil e plano, com recursos hídricos disponíveis, localização privilegiada e próxima das capitais Goiânia e Brasília, e a logística, já que a cidade estava interligada a ferrovias e várias rodovias federais e estaduais.
Além disso, o município já era considerado um polo comercial, possuía mais de 150 mil habitantes e a construção da base aérea, que foi inaugurada em 1972 e tornou a cidade uma área de segurança nacional, certamente contribuiu para a escolha.
Da estagnação ao pleno desenvolvimento
Passado o furor da inauguração e chegada das primeiras indústrias, o Daia passou por momentos de estagnação na década de 80 com o crescimento de outras cidades goianas, que atraíram olhares de investidores, e também por uma política de desenvolvimento que era conduzida pelo governo federal.
Com a chegada de uma crise fiscal, os estados retomaram o planejamento. Goiás, por sua vez, criou uma série de mecanismos legais de promoção e atração de investimentos. Um dos mais exitosos foi a criação do Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás (Fomentar), em 1984, programa de benefícios fiscais que alavancou as atividades industriais, preferencialmente as do ramo de agroindústria, e colocou mais uma vez o Daia como destaque nacional.
Porto Seco
Outro capítulo importante na história do Daia foi a instalação do Porto Seco. Com estrutura logística diferenciada, repleta de rodovias e ferrovias, a cidade foi a primeira da região Centro-Oeste a contar com uma estação aduaneira destinada à armazenagem e à movimentação de mercadorias importadas ou exportadas.
Alfandegada em 1999, o terminal se tornou importante alternativa logística ao agilizar as etapas do processo de envio e recebimento de mercadorias e reduzir custos com armazenagem. Além de tornar as grandes distâncias economicamente competitivas, a estrutura contribuiu para alavancar o Daia e para que o estado pudesse desenvolver relações de comércio exterior sólidas.
Formação do polo farmoquímico
Pouco antes da virada do século, o Daia já contava com grandes empresas instaladas dos mais diversos segmentos, entre elas algumas do ramo farmacêutico. Mas foi a partir da lei dos medicamentos genéricos (Nº 9.787), de 1999, que o polo farmoquímico ganhou vida.
A legislação autorizou as empresas a produzirem e venderem medicamentos com patentes expiradas. Somado a isso, Goiás oferecia um programa de incentivo financeiro robusto e Anápolis já contava com uma estação aduaneira, o que formou um cenário ainda mais atrativo para a instalação de novas indústrias do setor, tendo em vista a necessidade de importação de produtos para a fabricação de remédios.
Os anos seguintes foram de pleno crescimento. Com investimentos multimilionários, as indústrias farmoquímicas modernizaram e expandiram suas plantas fabris e, consequentemente, sua capacidade produtiva, gerando milhares de empregos especializados. Assim, Goiás se consolidou como o segundo maior polo farmoquímico da América Latina e se tornou referência em tecnologia, pesquisa e na produção de medicamentos genéricos.
A expansão
A procura por áreas no Daia continua ávida. Atentos a essa demanda, o Governo de Goiás e a Codego têm promovido a expansão do maior e mais importante distrito agroindustrial da região Centro-Oeste, que conta com um mix de quase 200 indústrias.
O Complexo Daia é formado pela área original e o Daia Norte, que somados chegam a 8,9 milhões de metros quadrados (m²), o Daia II, com 628 mil m², e o Daia Plam, que abrange o recém-integrado terreno de 1,7 milhão de m² da Plataforma Logística Multimodal e que já possui infraestrutura adequada para instalar novas indústrias, como pavimentação, drenagem, sistema de abastecimento de água e sistema de esgotamento sanitário.
Considerado o “Trevo do Brasil”, pela facilidade natural de integração aos demais centros consumidores do País, o Daia, que gera mais de 20 mil empregos diretos, tem tudo para continuar sendo referência para o País.